 - Quem fez isso?
- Ah, só poderia ser o irmão do Décio!
Há três anos, Jose Eduardo Oliveira ouvia isso dia sim, dia sim. Era o “irmão do Décio”, que ficou popular no escritório do consangüíneo por fazer algumas caricaturas de seus colegas de trabalho. Nesta época, sem a pretensão de destruir impérios alemães, criou um blog para mostrar a alguns colegas os recursos de um programa 3D que estava aprendendo.
Segundo Du, como sempre se identificou nas postagens, a página “Irmão do Décio” tinha acesso zero. Mas a situação se inverteu quando suas releituras modernas de carros antigos caíram nas graças do público da maior rede social do país:
“O Blog tomou outro nível quando, em uma comunidade do orkut na qual participava, havia um tópico de ‘Tunning Virtual’, onde vários artistas faziam tunnings e releituras. Aí comecei a publicar esses trabalhos (uns em Photoshop, outros em 3D Max) no blog. Depois teve destaque em vários blogs, principalmente por causa da Brasília Amarela. Agora parece que conquistei um público fiel”.
Releitura do SP2, da Volkswagen: novo design do carro da década de 70 já não se encontra mais no blog
E ele diz isso baseado no apoio massivo que teve a seu favor semana passada, pela própria internet. A Volkswagen enviou 25 páginas impressas de uma notificação extra-judicial acusando o designer gráfico de uso indevido da marca. Dentre as folhas, estava a exigência para que fossem retiradas todas as obras relacionadas à montadora. O irmão do Décio cumpriu. E seu público se revoltou.
“Nunca imaginei que houvesse uma comoção tão grande, só no post do desabafo recebi quase 290 comentários de apoio, principalmente dos blogueiros, inclusive de blogs argentinos”, diz o autor das obras involuntariamente polêmicas, em referência à mensagem em que tornou pública a intimação.
Pouco tempo depois da eclosão de manifestos via internet, a Volks decidiu voltar atrás. Eduardo explica que a alegação da empresa foi de que tudo não passara de um equívoco da área jurídica da empresa e que “tal fato não representa a opinião da direção da montadora”. A VW confirma.
O designer até recebeu a ligação de um diretor da Volkswagen. “Muito simpático por sinal, ele me esclareceu tudo, está tudo bem agora, me liberaram quanto à publicação dos trabalhos, mas de qualquer maneira vou ponderar mais o uso de logomarcas”, responde sem mágoas.
Sem mágoas? “Sem mágoas, pelo contrário, respeito muito os profissionais que nela trabalham. Temos que saber separar as coisas. Mas por enquanto não estou precisando trocar de carro”, finaliza, com bom humor. |
