 Mercedes-Benz Heckmotoren 130 H 1936 - fonte:media.news.de
Tem a frente arredondada, a traseira idem, duas portas, quatro lugares, motor traseiro de quatro cilindros e foi produzido na Alemanha na década de 30. A descrição, não confunda, é de um automóvel Mercedes-Benz.
A Mercedes-Benz da Alemanha, a marca da estrela de três pontas, famosa desde os anos 30 por fabricar automóveis sofisticados e elegantes (mas muito caros), decidiu desenvolver um projeto de um veículo “barato”, mais acessível ao povo alemão. Era a solução para evitar a “quebra” da montadora, pois caía a venda de automóveis caros na Alemanha. Os responsáveis pelo projeto foram Hans Nibel (sucessor de Ferdinand Porsche como diretor de engenharia da Daimler-Benz) e Wilhelm Kissel, diretor geral da empresa.
O resultado foi o automóvel “130”, lançado em 1934. A solução pioneira do motor traseiro redundava em inúmeras vantagens, principalmente num modelo compacto de pequena distância entre-eixos, que propiciava melhor utilização do espaço interno e a ausência do eixo carda (que liga o motor dianteiro às rodas traseiras), que reduzia custo, peso e perdas de potência. Ao englobar todo o conjunto propulsor (motor/transmissão) na traseira, o custo de produção foi extremamente reduzido e a ausência do radiador na frente permitiu o desenho de linhas mais aerodinâmicas.
Mercedes-Benz Heckmotoren 130 H 1935 Frente - fonte: wikimedia.org
Mercedes-Benz Heckmotoren 130 H 1935 Traseira - fonte: wikimedia.org
As diferenças entre o Mercedes 130 e o Fusca estavam no motor (o 130 era refrigerado com água) e na suspensão (o Mercedes 130 tinha molas helicoidais na traseira e o Fusca barras de torção).
O sucessor do Mercedes “130” apareceu em 1936: o “170 H” foi produzido até o início da guerra, em 1939, trazendo diversos aperfeiçoamentos, a começar da cilindrada, de 1.308 cm3 para 1.697 cm3; a potência, que saltou de 26 cavalos para 38 cavalos e o entre-eixos que fcou 10 centímetros mais longo.
A Mercedes-Benz levou para Irvine, Califórnia (Estados Unidos), seus modelos com tração traseira. É lá que está seu Classic Center, uma espécie de concessionária da fábrica, dedicada aos carros antigos. Tem compra e venda de automóveis, completa seção de peças, oficina, butique e consultoria. Uma cópia do que a montadora tem em Fellbach (Alemanha). Foi lá o centro de operações para a apresentação e test drive dos “Heckmotoren” ou motores traseiros. Daí o “H” do 170 H.
Test-drive comprova tecnologia
É muito interessante entrar em um Mercedes-Benz de pequeno porte e sair dirigindo. Com motor traseiro refrigerado a água e painel completo com vários reloginhos, inclusive dois para a temperatura da água: na entrada e na saída do motor, a experiência é emocionante.
No modelo “130”, a potência é tão baixa, que mal se percebe a tendência do carro em sair de traseira, em função do motor “pendurado” atrás do eixo. No “170 H”, um pouco mais esperto, a coisa se complica ligeiramente. Mas o entre-eixos aumentado dá mais conforto e muda seu comportamento.
A caixa de câmbio tem 3 marchas e uma “sobre-marcha” (over-drive), que se engata (ou deveria...) sem embreagem, tirando somente o pé do acelerador. Nosso companheiro Boris Feldman, de Belo Horizonte (MG), não conseguiu engatá-la, mesmo respeitando a recomendação da fábrica de só tentar acima de 65 km/h.
Vale salientar, que apesar da idade, os Mercedes 130 e 170 H têm ótima dirigibilidade. A não ser a inevitável escorregada da traseira em curvas mais apertadas, a direção e freios são muito eficientes. As marchas (exceto a quarta...) são fáceis de engatar (depois que se pega o jeito) e o desempenho lembrando que se tratava de carro de pequeno porte (limitado), com a mesma deficiência de performance dos nossos atuais “carros populares”. O “130” custava, mas chegava aos 90 km/h, enquanto seu sucessor, o “170 H”, atingia 110 km/hora.
A Mercedes-Benz também levou para o teste o modelo “170 V”, ou seja, o compacto também lançado em 1936 - com motor dianteiro e tração traseira – para comparações. Trata-se de um automóvel muito mais equilibrado e agradável de dirigir.
É importante destacar, que a solução do motor e caixa de câmbio na traseira foi abandonada durante dezenas de anos pela Mercedes-Benz. No entanto, acabou voltando em 1998, no pequeno automóvel “Smart”.
Mercedes-Benz Heckmotoren 1936 130H, Smart e Heckmotoren 1936 170H - fonte:media.news.de
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