Quem conhece, tem ou já acelerou um Ford Maverick, fabricado no Brasil entre 1973 e 1979, também sabe que nos Estados Unidos sua trajetória teve muito mais sucesso durante o tempo em que foi fabricado por lá, entre 1969 e 1977.
Na terra do Tio Sam, onde sempre houve muita fartura, também de opções e níveis de acabamento, o Maverick teve a versão Grabber, para deixá-lo com cara de Muscle Car.
Lançado em 1969 nos Estados Unidos, o Maverick era um carro barato que desejava repetir o sucesso do Mustang. Para equipar o novo compacto da Ford, havia três opções de motores seis cilindros; o 144 pol3, outro de 170 pol3 que rendia 105 cv e, um outro motor, vendido como opcional, com 200 pol3 que rendia 120 cv; tudo a um preço bem convidativo, apenas US$ 1.995,00. O motor 144 se mostrou inapropriado para o conjunto do Maverick e rapidamente foi retirado de linha (informações não oficiais indicam que apenas os primeiros 30 dias de produção foram com este tipo de motor), permanecendo as demais opções. No ano seguinte, seria incorporado o V8 302, com 210 cv.
Mesmo com preço baixo, o consumidor que queria dirigir um veículo com apelo esportivo, tinha a partir de 1971, por US$ 194, o pacote Grabber, que traduzia os desejos de ter um carro esporte com preço baixo, na época menos de US$ 2 mil. O Maverick Grabber era como um carro básico com acabamento melhorado, assim como acontece por aqui hoje em dia, com as pretensas versões off road.
O Grabber tinha como principal argumento de vendas o seu acabamento. A novidade chegava na arena dos carros musculosos com grande apelo de marketing. Na dianteira o capô tinha faixas esportivas em tons foscos, bem como na parte inferior do carro, em diversas combinações. Os pára-choques seriam diferenciados e faziam o papel de spoiler. Além disso o Grabber incorporava uma grade negra, faixa esportiva na parte traseira, teto de vinil (opcional), retrovisores esportivos em forma de cone, rodas com sobre aros e alguns outros mimos.
Ainda assim, o Grabber não era concorrente dos grandes esportivos como Chevrolet Corvette, Plymouth Barracuda ou Dodge Challenger com imensos motores de grande desempenho. Sua vocação era mesmo conquistar pelo visual, adicionado a sua reputação de carro barato e de fácil manutenção.
No Brasil
Infelizmente, o melhor que o mercado brasileiro teve em termos de Ford Maverick, foi a versão esportiva GT, com o motor 302 V8, de 199 cv. O único exemplar do Maverick Grabber no Brasil que se tem notícia, foi fabricado em 1974 e pertence ao colecionador e autor do livro Maverick: um ícone dos anos 1970 (Ed. Alaúde), Paul William Gregson.
O carro foi importado no ano de sua fabricação pelo irmão do ex-presidente João Batista Figueiredo, que depois vendeu o carro até chegar às mãos de um colecionador, que em 2004 o vendeu para o seu atual dono.
Volta às origens
Paul Gregson adquiriu o Maverick em estado deplorável e totalmente descaracterizado, o que apagou o brilho da versão Grabber. A maresia corroeu uma parte considerável da lataria, o que exigiu uma restauração completa.
Durante nove meses “e dezoito dias”, precisa Gregson, o carro teve a lataria recuperada, a pintura e também as faixas esportivas na cor laranja, refeitas de acordo com os padrões originais. Apesar da descaracterização, o carro manteve a mecânica original, o que facilitou o trabalho do restaurador.
O Maverick Grabber 1974, tem os imensos pára-choques retráteis para atender a legislação de segurança nos EUA (promulgada um ano antes). Além disso, o carro conta com luzes inferiores nos pára-lamas dianteiros e traseiros e painel de instrumentos diferenciado em relação ao Maverick brasileiro. O carro também é equipado com câmbio automático e ar condicionado.
Em 1976 a versão Grabber seria substituída pela Stallion (garanhão, em português), com o mesmo apelo esportivo, porém com um certo tom de exagero. O carro tinha pintura em duas cores, rodas esportivas e o símbolo de um cavalo pintado sobre um brasão vermelho.
Em 1977 sairia de linha o “anti-fusca” da Ford para os Estados Unidos, já que as vendas decaíam ano a ano. O espaço do Maverick era rapidamente ocupado por modelos mais novos como o Granada e o Fairmont, mais adequados ao gosto do norte-americano para o que chamam de carro compacto.
No Brasil, a vida deste lendário Ford terminou mais tarde, em 1979, e até hoje, como também se sabe, uma legião de fãs se preocupa em manter sua história viva. Se depender dessa legião, o objetivo já foi alcançado. Outras informações sobre a linha Maverick, nosso internauta pode encontrar na página que Paul William Gregson mantém apenas sobre a história e as curiosidades sobre esse modelo: www.museumaverick.com.br
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