O vanguardismo tecnológico faz parte do património histórico da Lancia, a marca que há 60 anos apresentou o Aurelia equipado com o primeiro motor de seis cilindros em V e um eixo transaxle (caixa de câmbio localizada no eixo traseiro)
Vicenzo Lancia foi um engenheiro inovador e os seus automóveis são sua imagem. Em 1922 surpreendeu o mundo com o Lambda (produzido até 1931), o primeiro automóvel equipado com suspensão dianteira independente e um chassi monobloco. Em 1937, num período conturbado, que culminou com a II Guerra Mundial, Gianni Lancia herdou a empresa do pai. Durante o conflito, o engenheiro Vittorio Jano (que mais tarde estaria ligado ao sucesso da Ferrari) desenvolveu em segredo vários projetos em colaboração com o jovem Francesco de Virgilio.
No final da Guerra, Gianni Lancia desenvolveu um automóvel equipado com um motor V6, mas o estreito chassi monobloco da Lancia não permitia montar esse tipo de motor. Francesco de Virgílio concluiu que a única solução seria criar um bloco compacto, com um ângulo de 60°. Foi este o motor que equipou o Aurelia apresentado no Salão de Turim de 1950, modelo radicalmente diferente do Aprilia seu substituto
Além de inovar com a arquitetura do motor, a experiência de Vittorio Jano na equipe de competição da Alfa Romeo levou-o a apresentar uma arquitetura transaxle (caixa de câmbio localizada no eixo traseiro), uma solução muito eficaz para melhorar a distribuição de massas e aumentar a rigidez estrutural, mas pouco utilizada até então.
O motor V6 de 1,75 litros de capacidade consumia 56 cv de potência, mas o Aurelia pesava mais de uma tonelada e as performances não estavam à altura do seu vanguardismo tecnológico. Mesmo assim, o modelo foi adaptado com sucesso por vários pilotos amadores, o que incentivou a Lancia a aumentar a cilindrada para 2,0 litros e a potência para 70 cv. A Nardi colocou no mercado uma versão ainda mais potente, equipada com dois carburadores.
Em 1951 surgiu o Aurelia GT que veio vencer a sua classe em provas de prestígio como as 24 Horas de Le Mans e as Mille Miglia. No entanto, os sucessos desportivos e a paixão pela competição, que levaram a marca a apostar também na Fórmula 1, ultrapassaram os desígnios comerciais e a Lancia entrou em falência em 1955, sendo adquirida pela Fiat.
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