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Criada em 1961, O Vigilante Rodoviário

Criada em 1961, O Vigilante Rodoviário

Fiel parceiro do policial, Lobo não sabia datilografar, mas faltava pouco para isso - Divulgação

O box lançado pela Spectra Nova reúne 35 dos 38 episódios produzidos em São Paulo entre 1961 e 1962, daquele que foi o primeiro seriado para televisão produzido na América Latina. O pioneirismo teve seu preço – com uma experiência na direção basicamente publicitária, Ary Fernandes bancou o primeiro capítulo com dinheiro do próprio bolso, colocou a lata com os negativos debaixo do braço e saiu batendo na porta de produtoras para financiar o projeto.

"Achavam-me um sonhador, idealista", recorda Fernandes, aos 78 anos, em entrevista ao iG. "O que eu recebia para produzir um episódio da minha série era o mesmo que era pago como cachê de um único capítulo ao protagonista de uma série americana. Uma vez, durante as filmagens, um diretor de cinema de lá veio ver nosso trabalho. Ao deparar-se com a nossa realidade, me disse: Vocês não fazem cinema. Vocês fazem milagres!"

Fascinado pelo espírito dos filmes de Flash Gordon e Tarzan, Fernandes queria criar um herói tipicamente brasileiro. A partir daí, chegou na figura do Tenente Carlos, policial rodoviário que, acompanhado de seu cão Lobo, protege as estradas a bordo de um estiloso Simca-Chambord ou de uma moto Harley Davidson. A rotina no asfalto, porém, era só um pretexto para que ele encarasse intricadas tramas policiais dignas de um detetive.

Escolhido depois de mais de uma centena de testes, o protagonista da série, Carlos Miranda, já havia trabalhado com Fernandes em outros projetos, mas sempre nos bastidores – sua grande estreia na frente das câmeras foi mesmo no papel do Vigilante. A fama, no entanto, não veio rápido. Miranda lembra que carregava nas costas o projetor 16mm para apresentar o episódio-piloto aos investidores.


Carlos Miranda, o Vigilante Rodoviário, virou policial de verdade e entrou no Guinness

"A gente fazia esse trabalho como artesanato. Foi uma loucura, hoje em dia ninguém teria coragem de fazer", afirma ele por telefone desde sua casa em Águas da Prata, no interior paulista. As cenas de ação, conta, eram todas feitas pelos próprios atores, e não eram poucas. "Não tínhamos condições de ter dublê. Quando filmávamos um pega de carro em alta velocidade, por exemplo, o Ary, que era o diretor, dirigia um e eu, o outro. Era feito das tripas, coração. Sangue, suor e lágrimas", garante, rindo.

A dedicação acabou rendendo outros frutos. Após o fim da série, Miranda até participou de uma novela, mas sua cabeça já estava em outro lugar. O resultado entrou para a história: Carlos Miranda trabalhou 25 anos na Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo e está no Guinness, o livro dos recordes, como o primeiro ator a levar seu personagem para a vida real.

Nas telas, o Tenente Carlos corria atrás de malfeitores e, diante de ameaças, não titubeava. "A lei vale esse risco", sentencia o Vigilante num episódio. Os valores dessa polícia que não existe mais acabaram incorporados pelo intérprete e ele não conseguiu mais se desvencilhar do herói sobre rodas. "Foi essa linha de conduta que adotei desde que terminei a série, continuei praticamente sendo o mesmo personagem. O amor ao trabalho desenvolvido pelos policiais rodoviários fez com que eu deixasse a carreira de lado."

Celebridade canina

Se o seriado foi o fim da linha para uns, representou o início para outros. Gigantes da dramaturgia brasileira emprestaram seu talento às aventuras do Vigilante, como Rosamaria Murtinho, Milton Gonçalves, Stênio Garcia, Ary Fontoura e Etty Fraser, sem contar participações especiais de Ary Toledo e de um Jucas Chaves quase garoto – estrela de uma dos melhores episódios da série, "O Rapto de Juca".

Apesar das companhias ilustres, quem dividia as atenções com Carlos Miranda era mesmo o cão Lobo. Lobo atacava bandidos, andava na garupa da motocicleta, sabia usar o rádio da polícia e roía cordas nas situações de perigo. Um parceiro perfeito, de deixar a Lassie com o rabo entre as pernas.

Longe da televisão, Lobo era King, cachorro de raça indefinida, um husky siberiano que parecia um pastor alemão. Ary Fernandes fala com saudade do parceiro de filmagem. "O Lobo era um cachorro extraordinário! Ensinei vários comandos para as cenas e ele aprendia tudo rapidamente. Lobo fazia tudo sozinho, nunca necessitou de um dublê para cenas de luta, etc. Nunca houve outro cão como ele."

"O cachorro nasceu inteligente, nunca tinha feito adestramento", continua Miranda. "Era tão inteligente que apenas uma palavra minha ou do Ary já era suficiente, obedecia sem olhar para trás, não tinha erro." Nem a fama abalou a performance do funcionário, que, com o sucesso da série, viajava junto com a equipe para eventos em todo o país. "Ele ficava hospedado comigo, no meu quarto. Nenhum hotel reclamava da presença do Lobo como hóspede, pelo contrário: era uma celebridade e como tal, muitíssimo bem recebido", conta o diretor.

Originais recuperados

Divididos em quatros DVDs, os episódios de "O Vigilante Rodoviário" variam em qualidade de som e viagem. Isso porque as latas com as películas, guardadas em locais inaquedados, se deterioraram com o passar do tempo. "Era normal para nós armazenarmos os filmes nos próprios laboratórios ou até mesmo no escritório ou em casa", lamenta Fernandes. Com isso, três episódios acabaram deixados de fora da caixa – "O Pagador", "Orquídea Glacial" e "Os Cinco Valentes".

De qualquer forma, o lançamento em formato digital é encarado com uma conquista. "Diante de todas as intempéries a que a série foi submetida por muitos anos, temos que comemorar e muito o resultado final. O importante para nós é que temos a série salva e nossa história, preservada."

E a ressureição da série já tem dado frutos. Os saudosistas da TV Tupi tem agora a companhia de novos fãs, em especial crianças, e Carlos Miranda – dono de uma réplica do Simca Chambord que pilotava no programa – sai de casa com frequência usando com orgulho seu figurino da época. "Recebo muito carinho, puxa vida", conta, emocionado. "Praticamente toda semana chegam convites para dar palestras e participar de encontros de carros antigos." E ele vai, firme no volante.

Publicado em: 18/12/2009
Fonte: Último Segundo

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