1945. Fim da Segunda Guerra Mundial. Com a Europa arrasada pelos bombardeios, principalmente a França e a Alemanha, era preciso reconstruir um continente inteiro. Um dos símbolos dessa reconstrução são os minicarros como a Isetta e este raríssimo Messerschmitt KR 200, ano 1955.
O carro foi encontrado num hangar, no interior de São Paulo a pouco mais de 200 km da capital em estado impecável. O design curioso, semelhante ao de um avião, é também proposital. A Messerschmitt era uma empresa alemã que fabricava aviões desde a década de 1930 e que, a partir do final da 2ª Guerra, dedicou-se a fabricar automóveis.
A fuselagem, quer dizer, a carroceria do minicarro tem uma forma incomum. Inspirada num foguete, é alongada e uniforme. Os pára-lamas sobressaem nas laterais, o que dá equilíbrio ao abrigar o eixo dianteiro e os estreitos pneus de aro 12”. Na dianteira, dois faróis destacados que abrigam também os dois retrovisores formam um simpático conjunto.
Atrás, pequenas tomadas de ar e um bagageiro cromado, para levar malas e pequenos objetos bem embalados. Não há porta-malas.
O visual externo fica completo com os vidros tipo bolha, construído em acrílico. No entanto isso não é uma vantagem, já que a visão de dentro do carro através do “vidro” torna tudo turvo, o que certamente prejudicaria a segurança dos ocupantes. Para facilitar a circulação do ar, as janelas se abrem lateralmente.
O acesso ao interior do carrinho de três rodas é muito diferente das soluções que existem hoje. A parte superior se desprende para o lado e fica presa por um cordão. Aliás, tudo neste carro é tão simples que renderia muitas críticas, se não se tratasse de um carro feito em tempos de escassez material e recuperação da indústria automobilística.
O Messerschmitt foi construído para levar duas pessoas, e para isso conta com dois pequenos bancos longitudinais, sendo o traseiro um pouco maior para acomodar um adulto e uma criança.
O painel é também espartano, com relógio de um lado e velocímetro do outro. Nada mais, além de um adorno cromado central com fim decorativo. O volante tem forma semicircular, também inspirada na vocação da marca, a construção de máquinas voadoras.
Para resumir a solução mecânica, basta dizer que o Messerschmitt KR 200 é um scooter. Explico: seu motor é um Sachs monocilíndrico de 0,2 litro que era acionado por um pedal, substituindo o arranque comum das motocicletas. Com esse propulsor, ele chegava a velocidade máxima de 78 km/h, devido ao baixo peso da carroceria e do conjunto mecânico. Tinha duas marchas, além de um inversor nos comandos que ficava responsável pela ré.
Seu tamanho, com 2,82 m de comprimento por 1,22 m de largura, facilitava e muito a condução do carro pelas ruas alemãs. Na prática, o Messerschmitt atendeu a vários países europeus, com destaque para o Reino Unido, que sedia um clube de proprietários dos carros da marca. No Brasil, há notícia de quatro exemplares, que raramente aparecem em exposições e eventos.
Nos anos seguintes ao início de sua produção, o Messerschmitt cresceu e ganhou uma nova versão com quatro rodas, denominada TG500, com motor bicilíndrico de 493 cm³, que levava o carro a até 125 km/h. No entanto, a nova versão de quatro rodas não combinou muito com o estilo da carroceria e, em 1961, a Messerschmitt alemã deixou de produzir automóveis, dando espaço às fabricantes tradicionais, que já haviam se recuperado da guerra. |