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Clubes de Carros Reúnem Paixões e Histórias


Restauração


A vontade de fazer um projeto social e qualificar a mão de obra para a restauração de carros antigos inspirou Ricardo Luna, 52 anos, a fundar o Clube do Carro Antigo do Brasil, em São Paulo. Depois de uma jornada em busca de patrocínio, em 2012, se formou a primeira turma do projeto Escola de Offício, com 24 jovens. Em seis meses tiveram aulas de pintura, funilaria, história do automóvel e todo o conhecimento necessário para restaurar carros antigos. Desde 2013, a Escola de Restauração de Veículos Antigos já teve mais de 300 matrículas pagas e 50 bolsas gratuitas para jovens de baixa renda.


Serviços


O Clube do Carro Antigo do Brasil promove encontros, participa de eventos mensais e tem torno de 500 associados apaixonados pelas relíquias automobilísticas. Também faz a vistoria necessária para o motorista obter a placa preta, que identifica que o carro é de coleção, mantém as peças originais e em bom estado. Isso o isenta de usar equipamentos obrigatórios homologados posteriormente à fabricação do veículo para preservar sua originalidade e história.



Paixão pelo antigo


João Ernesto de Paoli, 53 anos, viu na Escola de Restauração de Veículos Antigos uma oportunidade para mudar de vida e trabalhar com o que gosta. O morador de Vinhedo, no interior de São Paulo, conheceu o Clube do Carro Antigo do Brasil em 2013 e, no mesmo ano, se qualificou para restaurar carros antigos.



Mudança de vida


A admiração por carros começou quando João trabalhou em uma concessionária, entre 1985 e 1993. Até conhecer o Clube de Carros Antigos do Brasil, ele se sustentava com o trabalho na construção civil. Um aneurisma fez João refletir. “Parei para pensar no que eu gostava de fazer e vi que era trabalhar com carros”. Ele afirma que existe uma carência no mercado de restauração de automóveis e que tem alguns parceiros, mas trabalha sozinho. Recuperar a parte elétrica, a pintura, a tapeçaria e revisar a mecânica é um trabalho minucioso e lhe dá prazer.



Tesouro em casa


Como um legítimo aficionado, João tem suas relíquias: um Opala 1990, um Maverick 1974, um Galaxie 1976 e uma Brasília 1978. O motorista conta que usa os automóveis antigos no cotidiano e tem cuidado para que eles estejam sempre em dia. Desde que voltou ao mundo dos carros, João diz estar mais próximo da família, que o acompanha nos encontros e passeios. “Também fiz muitos amigos. Tem sido muito positivo para mim”, conta.



Carros e quadrinhos


O primeiro carro comprado pelo pai de Ervin Moretti foi um Fusca. Foi nele que aprendeu a dirigir e, mais tarde, foi um veículo da mesma marca o primeiro carro próprio do morador da capital paulista, hoje com 61 anos. Há dez, passou a fazer parte do Clube do Fusca, quando comprou um modelo de 1974. A cor original é verde-limão, do mesmo tom do personagem Horácio, da Turma da Mônica. Para Moretti, pareceu perfeito ‒ fã do cartunista Mauricio de Sousa, apelidou o carro com o nome do dinossauro dos quadrinhos.



Ervin (no centro) com os pais Walter e Edith, e a irmã Celia.


Horácio ganhou um toque especial quando foi autografado por Mauricio ‒ um encontro inesquecível para o dono do veículo. Essa é apenas uma das histórias do Clube do Fusca que, há 30 anos, reúne apaixonados pela marca. Desde o início do ano, Moretti é o presidente da entidade, que possui 650 sócios ativos. Entre as atividades estão reuniões mensais, passeios que reúnem cerca de 40 carros em cidades ao redor de São Paulo e, no final do ano, o aluguel do autódromo de Interlagos para que os sócios possam dirigir seus carros nas famosas pistas.



Para todos


Além de Horácio, Ervin tem mais dois personagens da Turma da Mônica na garagem: a Mônica (uma Kombi 1973 vermelha) e o Cascão (um Escort 1985 marrom). Todos são usados para passear e nas pequenas voltas do dia a dia. Ervin conta que a esposa, Flávia, 57 anos, também participa das atividades com os carros e que há uma preocupação para que a entidade não se torne o “clube do bolinha”, onde a participação seja exclusivamente masculina. Segundo ele, os eventos envolvem a família e também chamam a atenção dos jovens.



Fusca raro


João Reinaldo de Oliveira Abrahão, 64 anos, é o sócio número 12 do Clube do Fusca. Um modelo especial o acompanha desde os 17 anos. É um Fusca 1965, fabricado na Alemanha e adquirido em Moçambique por um cônsul americano que, transferido para o Brasil, quis se desfazer do carro. Abrahão logo se apaixonou pelo veículo, que é dirigido pela direita e tem os vidros dianteiros e laterais maiores. “Fiz muito sucesso na época e até hoje faço algumas brincadeiras e confundo as pessoas pela direção na direita”, conta. Ele só se separou do carro uma vez, quando um colega com deficiência em um braço foi informado que só poderia dirigir um carro com o volante na direita. Oito anos depois, o jovem devolveu o carro para Abrahão. Com um carro tão raro, muitos perguntam qual é o valor do veículo. A resposta é: “ele vale uma boa causa”.



Herança


A paixão por carros foi herdada do pai, que tinha uma loja de automóveis. Mesmo que Abrahão quisesse ajudá-lo no empreendimento, ele nunca deixou, para que pudesse estudar. Hoje, o urologista guarda com carinho um Impala 1967, sonho de consumo de seu pai. A relíquia está no nome do filho, também urologista e herdeiro da admiração pelos carros da família, Lucas Abrahão.


Publicado em: 22/9/2015
Fonte: www.msn.com

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