Lançado em 1970, o Ford Corcel GT inaugurou um nicho de mercado bem
particular do Mercado brasileiro. Ele foi nosso primeiro compacto de
acabamento esportivo e comportamento quase manso. Algumas respostas de
pouca expressão vieram mais tarde, já com atraso, como o VW TL Sport, de
1972, e o Dodge 1800 SE, de 1974. Porém concorrência mesmo o Corcel GT
só enfrentaria na linha 1976, quando chegaram VW Passat TS e Chevrolet
Chevette GP. Se o Passat comprovava na pista que fazia jus a sua
aparência, o Chevette seguia a cartilha escrita pela Ford (mais visual,
menos comportamento) para pegar carona na grande publicidade
proporcionada pela condição de a Chevrolet ser a patrocinadora oficial
do GP do Brasil de Fórmula 1.
Com faróis de neblina (opcionais), vistosas faixas negras na frente,
atrás e nas laterais e rodas e pneus esportivos, o Chevette GP
aparentava ser o mais nervoso do trio. Complementavam o arsenal estético
o retrovisor externo tipo concha, a ponteira de escapamento cromada, as
rodas negras exclusivas com tala de 6 polegadas (as demais versões
tinham 5 polegadas) e os sobrearos de aço inox.
Para arrematar, grade, protetores dos para-choques, limpadores de
para-brisa e bordas das janelas eram pintados de preto. Por dentro, o
volante era esportivo, mas não havia sinal de conta-giros, termômetro,
manômetro de óleo e amperímetro.
Graças à taxa de compressão, aumentada de 7,8:1 para 8,5:1, o motor
1.4 de 72 cv tinha só 3 cv a mais que o Chevette básico. QUATRO RODAS
constatou que a melhoria no desempenho era ínfima, apesar do maior
consumo. De 137,404 km/h da versão comum, a máxima passou a 137,931
km/h. "A rigor, quem senta ao volante de um Chevette GP conhecendo
as reações e o desempenho do Chevette normal, acha apenas que se trata
de um carro muito bem regulado, de reação um pouco mais pronta que o
normal. Nada mais", dizia o texto de janeiro de 1976.
Quando comparado com seus principais concorrentes, apanhava feio do
Passat TS e se equiparava ao Corcel GT. No comparativo de agosto do
mesmo ano, o Volks foi bem mais veloz, com 155,676 km/h, seguido pelo
GP, com 140,077 km/h, e o GT, com 137,931 km/h. Na aceleração de 0 a 100
km/h, outra vitória fácil do Passat, com 14,67 segundos. O Corcel
demorou 18,62 segundos e o Chevette ficou com 19,52. A limitação no
desempenho não melhorou com o GP II, de 1977. De novidade, só a presença
das rodas de tala 5,5 polegadas, os pneus radiais, o servofreio opcional
e o painel, que trazia os instrumentos que lhe faltavam na primeira
versão. Não bastassem os números pouco animadores, o motor de 72 cv
passou a ser item opcional.
É desse ano o exemplar na cor amarelo-lótus fotografado, que pertence
ao juiz de direito José Gilberto Alves Braga Júnior. O estoque de peças
de uma antiga concessionária Chevrolet, que foi parar num ferro velho do
Mato Grosso do Sul, ajudou na restauração completa do Chevette. Até o
som foi trocado por um rádio de ondas curtas e médias da época.
Com a remodelação da linha Chevette para 1978, ganhou grade
bipartida. O capô pintado todo de preto tentava compensar a ausência de
faixas laterais, mas não conseguia evitar a decepção de quem ia à
concessionária atrás de um Chevette de visual mais nervoso. No ano
seguinte, o GP virou história. Um Chevette esportivo só voltaria a ser
oferecido com o S/R, já na carroceria hatch, em 1980. Ele pouco duraria,
assim como o Opala SS. Ambos abririam caminho para o Monza S/R surgir em
meados dos anos 80 como representante do espírito esportivo na
Chevrolet. |