O fim da Segunda Guerra polarizou o mundo em duas frentes
ideológicas. Na comunista, as montadoras tiveram pouca liberdade para
inovar dentro de economias centralizadas. Mas uma delas alcançou posição
de destaque: a Skoda Auto. Uma das mais antigas fabricantes ainda em
atividade, ela foi nacionalizada após a ocupação alemã da então
Tchecoslováquia e depois isolada pela Cortina de Ferro do leste europeu.
O regime socialista acabou por atrasar a criação de um Skoda popular até
1955, quando nasceu o sedã 440. Quatro anos mais tarde ele assumiria o
nome Octavia.
O nome fazia alusão ao oitavo projeto da fábrica após a estatização:
o chassi do tipo espinha dorsal era uma tradição na empresa. Um tubo de
aço ligava o motor, à frente, ao diferencial, atrás, acondicionando o
cardã. A carroceria era apoiada em duas travessas e o chassi também
servia de apoio para os feixes de mola transversais da suspensão,
independente nas quatro rodas. De desenho limpo e elegante, o sedã não
se parecia com nenhum carro de influência soviética.
Apesar dos 910 kg, o motor de 1 089 cm3 demorava a embalar o carro: o
torque de 6,97 mkgf aparecia já a 2800 rpm, mas só com o bom uso das
quatro marchas se alcançavam 4 200 rpm, quando gerava os 39 cv capazes
de levá-lo apenas até os 105 km/h. Em 1957, surgiu a variante 445, com
um 1.2 de 45 cv. Batizado de Octavia em 1959, ele ganharia desenho novo
e suspensão dianteira de molas helicoidais.
Cerca de 298000 unidades foram feitas até 1964, quando ele foi
substituído pelo 1000MB - a perua Combi continuou até 1971, elevando o
total para 67 000. Muitos foram exportados para outros países, caso do
Octavia 1960 do advogado Aparecido Romano. "Ele é muito gostoso de
guiar, chamando atenção por onde passa. Trata-se de um carro lento, sem
pretensão esportiva: foi feito para passear a no máximo 80 km/h."
Prejudicada pela economia planificada, a Skoda perdeu prestígio nos
anos 70 e 80, com falhas no controle de qualidade. Em 1991, foi comprada
pela VW e desde então tem se firmado como forte concorrente no Mercado,
sendo hoje a maior fabricante de automóveis da Europa central.
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