Prédio de quatro andares e 9 mil metros quadrados que abrigava acervo de automóveis hoje está vazio
Um prédio envidraçado de quatro pavimentos e 9 mil metros quadrados ergue-se no campus de Canoas como uma espécie de monumento às extravagâncias que levaram a Ulbra ao colapso na gestão Ruben Becker. Enquanto a universidade submergia em dívidas, o reitor adquiriu 600 automóveis antigos e raros e construiu o suntuoso edifício. Os novos gestores não sabem até hoje quanto custou a aventura automobilística, que incluía no rol de gastos uma ampla oficina e uma equipe de mecânicos.
– Nada contra museus, mas o de automóveis ia levar 500 anos para se autossustentar – diz o novo reitor, Marcos Ziemer.
O escoadouro de recursos que o empreendimento faraônico representava levou ao seu fechamento, com o de outras estruturas que drenavam recursos e não tinham finalidade de ensino – como as equipes de esporte profissional. Hoje, as paredes transparentes do antigo museu revelam a quem quer que circule pelo campus que o prédio está vazio.
A preciosa coleção que o recheava entrou no rol de bens que a universidade levou a leilão na tentativa de pôr as contas em ordem. Entre 2009 e 2010, os 600 carros renderam cerca de R$ 30 milhões dos R$ 75 milhões levantados. Mas pouco disso entrou no caixa da Ulbra. Apenas 40 exemplares estavam registrados como pertencentes à universidade. O restante encontrava-se em nome de uma empresa de Becker. Por conta disso, o valor correspondente está bloqueado pela Justiça.
Estudo avalia viabilidade da transferência da biblioteca
Entre os maiores compradores está a Classic Car Club RS, que adquiriu 48 veículos, predominantemente esportivos europeus dos anos 50, 60 e 70. Os 38 sócios da entidade se cotizaram para efetuar a aquisição. Por enquanto, os carros estão distribuídas em garagens particulares. Para o futuro, o plano é reuni-los em um mesmo espaço, aberto a convidados.
– Os carros farão parte do acervo do clube e serão usados em nossos passeios e encontros – diz o presidente Fernando Largura.
Quanto ao prédio vazio, a Nova Ulbra ainda estuda qual será sua destinação. Está em andamento um estudo sobre a viabilidade de transferir para ele a biblioteca da instituição. |