Foi há 25 anos no autódromo do estoril
Schumacher e Senna são apontados como os maiores talentos que a Fórmula 1 conheceu no seu passado recente. Ambos garantiram vitórias notáveis e os dois conseguiram fazer a diferença face aos adversários directos. Qualquer destes pilotos tem aquilo a que os directores de equipa costumam chamar “segundos debaixo do pé direito”.
Não faz sentido dizer qual dos dois pode ser considerado o melhor piloto, porque ambos têm defensores radicais e críticos indefectíveis.
No entanto, ninguém pode contestar que o triunfo de Ayrton Senna no GP de Portugal de 1985 foi uma das maiores vitórias que algum piloto conquistou na F1. Era a segunda corrida do brasileiro com a Lotus e a equipa tinha apostado tudo na conquista da pole position, levando ao máximo a pressão de sobrealimentação do motor turbo, e Ayrton foi o mais rápido.
No warm-up de Domingo, dia 21 de Abril, o piloto voltou a ser o mais rápido em pista até começar a chover, mas o motor partiu, o que era um péssimo indicador para a corrida: “Foi uma quebra repentina violenta, que destruiu a caixa e mesmo parte da suspensão. Era preciso refazer toda a parte traseira do carro nas poucas horas que restavam para a largada”, referiu Ayrton ao jornalista brasileiro Eduardo Corrêa. “Não era a melhor forma de iniciar o domingo”.
Antes da partida começou a cair uma violenta chuvada, que nunca mais parou. “Os organizadores deram-nos 10 minutos extra de aquecimento para nos adaptarmos àquela chuva. Eu estava completamente perdido, porque não fazia a mínima ideia de como o carro se iria comportar com os depósitos cheios. Por isso saí das boxes como a pisar ovos...”.
Lentamente, com medo de perder o carro e nem sequer largar, o piloto assumiu a sua posição na cabeça da grelha de partida. Depois, surgiu o recital de Ayrton Senna: “Veio a largada, senti que o carro estava normal e fui embora...”.
Das 70 voltas previstas, apenas foram cumpridas 67 no tempo máximo regulamentar de duas horas. “Em condições de aderência precária, a sua virtuosidade fez maravilhas”, escreveram os jornalistas franceses Johnny Rives e Renauld de Laborderie, no livro 20 anos de Fórmula 1. Ayrton ganhou uma volta a todos os pilotos em pista, excepto a Michele Alboreto, que cortou a meta com mais de um minuto de atraso. O seu ritmo foi alucinante, garantindo uma vantagem de cerca de 1,5 segundos por volta e melhorando várias vezes a volta mais rápida. Apenas teve uma pequena quebra de concentração quando teve uma ligeira saída de pista, que veio a controlar sem dificuldades.
“Tive vários momentos difíceis, mas o maior foi quando passei com as quatro rodas por cima de uma poça de água e o carro fez aquaplanning para fora da pista”, referiu o brasileiro. Estava garantida a primeira das 41 vitórias conquistadas por Ayrton antes do fatídico 1 de Maio de 1994, quando perdeu a vida no GP de San Marino. O brasileiro conquistou ainda 65 pole positions nas 161 provas de F1 disputadas entre 1984 e 1994, foi 19 vezes o mais rápido em pista e garantiu os títulos mundiais em 1988, 1990 e 1991.
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